Era uma vez um grande narrador do Brasil. Um homem que fez gerações vibrarem com Ayrton Senna, Romário e Ronaldo Fenômeno. O Galvão Bueno da TV Globo parava o país. O Galvão Bueno da AmazonTV… bem, esse só para a paciência do telespectador. Aos 75 anos, ele insiste em não largar o microfone, mesmo quando já não sabe direito quem é quem em campo.
No jogo entre Palmeiras e Botafogo, exclusivo da AmazonTV, os palmeirenses foram condenados a duas horas de tortura auditiva: o “Gaga Galvão”, trocando nomes de jogadores, opinando sem parar e, como cereja do bolo, torcendo descaradamente para o Botafogo.
Não havia escapatória. O torcedor que pagou caro pelo streaming não teve a opção de trocar de canal. Era Galvão ou Galvão. Resultado? Uma avalanche de revolta no WhatsApp, especialmente no grupo Confraria Somos Palestra – considerado o maior e mais conceituado grupo de torcedores do Palmeiras –, onde a indignação foi unânime e bem-humorada.
A enquete não deixou dúvidas: 81,1% dos palmeirenses acharam a narração ruim ou muito ruim. Apenas 3,7% tiveram coragem de dizer que foi “boa”.
Algumas das pérolas da torcida do Palmeiras no grupo de WhatsApp:
- “Um urubu (torcedor do Flamengo) nascido em Curitiba torcendo pro bairro (Botafogo).”
- “Seria ótimo narrando jogo de xadrez. Insuportável! Pensei em velório.”
- “Eu até tenho simpatia, mas ele ficou chato e erra nomes o tempo todo.”
- “Gaga Galvão. Pagar por isso em 2025 é de lascar.”
Em meio a tantos deslizes, houve ainda espaço para uma declaração que soou como ofensa. Em determinado momento da transmissão, Galvão disparou: “ainda tem gente que sabe trabalhar no Brasil”. A frase, além de deslocada, foi recebida como preconceituosa e desrespeitosa, reforçando a sensação de que o narrador já não percebe mais os limites entre opinião pessoal e a responsabilidade que carrega ao falar para milhões. Para muitos, o comentário soou como um deboche gratuito ao povo brasileiro — um peso desnecessário somado a uma narração já criticada por falhas e parcialidade.
Um historiador palestrino ainda lembrou que Pedro Luiz, gigante do rádio, pendurou o microfone aos 55 anos porque não conseguia mais entregar o que o público merecia. Galvão, 20 anos mais velho, insiste. Resultado: os torcedores desligam o som da TV e ficam no WhatsApp, criticando e se irritando com o narrador.
Veículos de Comunicão também apontam falhas e gafes de Galvão Bueno
E não para por aí. O BNews registrou que o narrador recém-aposentado Jota Júnior, com mais de cinco décadas de carreira, explicou sua decisão de se aposentar ao jornal Estado de S. Paulo: “Passaria vergonha, comprometeria a jornada e burlaria a expectativa do telespectador” — e ainda admitiu que recebe uma chuva de críticas sobre as falhas de Galvão Bueno nas transmissões de streaming, especialmente trocando nomes e cometendo outras gafes.
E tem mais: o jornal O Dia, no portal IG, ressaltou que, na transmissão do jogo Fluminense x Santos, pela Prime Vídeo, Galvão Bueno confundiu jogadores — chegou a chamar o Santos de Corinthians diversas vezes — pediu desculpas e arrancou comentários como: “Ele chama o Santos de Corinthians umas cinco vezes, fala besteira contra estrangeiros e faz puxa-saquismo com Neymar.” E ainda: “Erra o nome dos jogadores, comenta mais do que narra, se perde no meio do jogo.”
E se na AmazonTV a coisa já está feia, na Band o vexame é completo. O programa “Galvão e Amigos” é um Titanic sem iceberg — afunda sozinho. Cinco meses no ar, quase sempre beirando o traço de audiência, já perde até para o “Sensacional”, da RedeTV, que é praticamente o purgatório da televisão brasileira.
Foram, até hoje, mais de 20 edições do programa do Galvão na Band, e só três chegaram a 1 ponto no Ibope, segundo publicação do site NaTelinha, especializado em analisar e comentar programas de TV. O restante das exibições ficou abaixo dessa marca. É como se o público gritasse: “Cala a boca, Galvão!”, mas agora com o controle remoto.
Galvão, que um dia foi a voz de uma nação, virou piada de grupo de WhatsApp. De herói da emoção, restou um senhor gaguejando nomes errados, elogiando o Botafogo e irritando palmeirenses. O fim de carreira não precisava ser assim, mas já que ele insiste, só resta ao público transformar a indignação em meme. Afinal, rir é melhor do que chorar — principalmente quando se paga para sofrer.
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