A Amil editou e retirou, uma semana depois que o Blog do Luchetti acionou o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), apenas nas emissoras de TV aberta, o trecho da publicidade do seu plano de saúde em que o apresentador e locutor de futebol Galvão Bueno afirma ser cliente da Amil há 40 anos.
Coincidentemente ou não, o trecho em que o apresentador afirma ser cliente do plano Amil há 40 anos foi excluído do vídeo exibido nas emissoras de sinal aberto, cujas imagens são transmitidas e captadas por antena comum, sem necessidade de assinatura ou serviço pago — como Globo, Record, SBT, Band e poucas outras.
O Blog do Luchetti notificou o Conar para submeter esse anúncio a uma verificação e certificação em um processo ético, por meio do qual poderá ser feita uma avaliação sobre uma possível violação ou não das regras de publicidade. Dia 3 de abril, exatamente uma semana depois da notificação, o Conar ainda não havia verificado se alguma irregularidade constava na peça publicitária da Amil.
O processo do Conar é um pouco demorado. A entidade vai analisar a notificação e, se ela tiver fundamento, poderá transformá-la em uma representação. Esse processo deverá levar algumas semanas, dependendo da complexidade e da demanda existente no conselho.
Se a notificação for aceita, o conselho comunica as partes — no caso, a Amil e a agência de publicidade responsável pela peça publicitária. A partir desse momento, a empresa terá um prazo para apresentar defesa.
Após a defesa, o caso será julgado. Se a propaganda da Amil com Galvão Bueno, na qual ele afirma ser cliente desse plano de saúde há 40 anos, for considerada enganosa ou inadequada, o Conar pode recomendar sua alteração, suspensão ou retirada de veiculação.
O Conar, como já foi divulgado, não tem poder punitivo, mas a decisão pode levar a ações judiciais e sanções por órgãos como o Procon e o Ministério Público. Em resumo, qualquer sanção decorrente da violação da lei recairá sobre a Amil, mas Galvão Bueno poderá sofrer consequências legais e prejuízos em sua reputação por ter participado de uma possível propaganda enganosa.
Como o Conar não se comunica com a parte que fez a notificação, nesta segunda-feira, dia 7 de abril, enviei uma outra notificação ao Conar e um e-mail para saber se a minha reclamação sobre a publicidade da Amil foi aceita como representação, após o conselho analisar o vídeo do anúncio.
No e-mail, manifestei novamente minha posição, por ter achado estranho o fato de Galvão Bueno afirmar ser cliente da Amil há 40 anos, considerando o histórico do mercado de planos de saúde e as possíveis inconsistências dessa afirmação. “Essa confissão de Galvão Bueno, no mínimo, soa como duvidosa, considerando a história da própria operadora e do setor”, ressaltei no texto enviado ao Conar.
Enfatizei também no e-mail que a publicidade na íntegra, com a afirmação de que ele é cliente há 40 anos, continuava nas emissoras a cabo e no Instagram direcionado aos corretores de planos de saúde. Anexei esse vídeo do Instagram no meu e-mail enviado ao Conar.
Veja a chamada feita por Galvão Bueno para os corretores:
Antes da publicação deste artigo no Blog do Luchetti, escrevi para o Diretor de Marketing da Amil, Luiz Periard, também responsável pela Agência de Publicidade Nova Promarket, house da Amil, que criou e veiculou a peça publicitária. Escrevi também para a jornalista Solange Guimarães, gerente de comunicação externa da Amil.
Como nenhum dos dois executivos da Amil respondeu as minhas solicitações, escrevi para a empresa Loures Consultoria e Comunicação, que presta serviços à Amil. Em seu site a Loures afirma que “desde 2018, faz parte da FSB Holding, o maior ecossistema de comunicação da América Latina”.
Imediatamente entrei em contato com esse ecossistema de comunicação, mas também não consegui falar com nenhum funcionário da Amil sobre o comercial do apresentador e locutor de futebol Galvão Bueno, que afirma ser cliente Amil há 40 anos.
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