Márcio França: a insistência da esquerda em apostar num derrotado profissional

O socialista oportunista Márcio França deverá enterrar sua carreira política em 2026 se disputar o governo do Estado de São Paulo. Essa será a sua quarta derrota consecutiva. Um recorde na política de São Paulo

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A eventual candidatura de Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo, em 2026, nasce velha, desacreditada e sem entusiasmo — inclusive dentro da própria esquerda. Trata-se menos de um projeto político e mais de uma teimosia pessoal de um personagem que coleciona derrotas eleitorais, improvisações ideológicas e constrangimentos públicos. 

Se confirmada, esta será a quarta eleição consecutiva perdida por Márcio França. Um currículo difícil de maquiar. Em 2018, perdeu o governo paulista para João Doria Jr. (PSDB), seu desafeto histórico, numa campanha marcada por ambiguidades e alianças pouco convincentes. 

Em 2020, tentou a Prefeitura de São Paulo e terminou em terceiro lugar, com desempenho apagado: ficou quase oito pontos atrás de Guilherme Boulos (PSOL), que obteve 20,24% dos votos, enquanto Bruno Covas (PSDB) venceu com 32,85%.

Na eleição para o senado Márcio França (PSB) ficou, literalmente, perdido no espaço e quem ganhou foi o astronauta Marcos Pontes (PL)

Em 2022, a derrota veio com contornos ainda mais simbólicos. França perdeu a disputa pelo Senado para o astronauta Marcos Pontes (PL), ex-ministro de Jair Bolsonaro, que venceu com 49,68% dos votos válidos, contra 36,27% de França do PSB

O golpe foi ainda mais duro porque França perdeu em todo o Litoral Sul, sua terra natal, onde construiu carreira política e sempre se apresentou como liderança regional. Nem em casa o socialista oportunista Márcio França conseguiu convencer.

O problema não é apenas eleitoral. É político, simbólico e estratégico. Márcio França construiu a imagem de um biruta ideológico, que oscila conforme o vento, mas não cria raiz em lugar nenhum. No governo Lula, tornou-se um personagem menor, quase decorativo. Escanteado após ser substituído no Ministério de Portos e Aeroportos por Silvio Costa Filho (Republicanos), França foi “compensado” com a criação do Ministério da Microempresa — chamado por seus próprios desafetos de “Micro Ministério” e França de “Micro Ministro”.

A humilhação foi pública. Durante meses, França não teve sala, gabinete e nem estrutura. Funcionou num puxadinho do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Um ministério sem ministério. Um cargo sem poder. Virou motivo de chacota em Brasília e símbolo do pouco prestígio que efetivamente tem junto ao Planalto.

O que sobrou foi o Porto de Santos — e nem isso plenamente. Seu aliado e sócio em escritório de advocacia, Anderson Pomini, indicado à presidência da autoridade portuária, rapidamente tratou de se acertar politicamente com o Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas e comandado por Marcos Pereira, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e ao bispo Edir Macedo. França, mais uma vez, ficou na beira do caminho, vendo seus próprios indicados seguirem sem ele.

Enquanto isso, a realidade eleitoral paulista é cristalina. Pesquisas recentes do instituto Paraná Pesquisas mostram Tarcísio de Freitas como franco favorito à reeleição, com índices próximos ou superiores a 50% das intenções de voto. Em simulações sem Fernando Haddad ou Geraldo Alckmin, o governador dispara. E no cenário mais humilhante para o PSB, quando Tarcísio enfrenta Márcio França, o socialista fica em terceiro lugar, atrás até mesmo de Erika Hilton (PSOL). França aparece com cerca de 11,8%, enquanto Erika chega a 13,9%.

Márcio França perde para a direita, perde para o centro e perde para a esquerda.

Não por acaso, quando a esquerda paulista se reúne para discutir 2026, o nome de França simplesmente não empolga. No recente evento do grupo Prerrogativas, que reuniu Lula, Alckmin, Haddad e Simone Tebet, o clima era de articulação real de poder. Falava-se em uma chapa forte, competitiva, com densidade eleitoral e projeção nacional. França não estava no centro das conversas. Estava fora do tabuleiro.

A insistência do PSB — ou de setores da esquerda — em apostar novamente em Márcio França soa menos como estratégia e mais como falta de alternativas internas. Apostar num político derrotado sistemático, sem base social sólida, sem protagonismo nacional e sem prestígio no próprio governo que ajudou a eleger, é um erro anunciado.

Em política, insistir no erro não é coragem. É cegueira. E Márcio França já deu provas suficientes de que não representa o futuro de São Paulo — apenas o apego melancólico a um passado que nunca venceu.

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