Deputados cobram do governador Tarcísio de Freitas por blindagem em escândalo da Sefaz

Deputados da oposição exigem do governador Tarcísio de Freitas atitude de pulso na apuração do maior escândalo de corrupção na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo

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A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) continua no centro de um escândalo que abalou os alicerces da administração tributária. A Operação Ícaro, deflagrada pelo Ministério Público, revelou um sofisticado esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais e gigantes empresariais, como a Ultrafarma e a Fast Shop. Presos, documentos e denúncias já mostram que o desvio bilionário não é caso isolado: é um ataque direto ao erário público, que deveria sustentar saúde, educação e transporte para milhões de paulistas.

Diante da gravidade, o secretário da Fazenda, Samuel Kinoshita, assinou um despacho instaurando Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra alguns auditores. Mas a medida, em vez de trazer transparência, gerou ainda mais desconfiança. O deputado estadual Paulo Fiorilo (PT) apresentou requerimento cobrando respostas formais. Ele indagou por que o auditor Marcelo de Almeida Gouveia, preso como um dos principais operadores do esquema, foi convenientemente excluído do PAD. “Não há explicação plausível para essa omissão. Estamos diante de um caso grave de blindagem dentro da própria SefazSP”, afirmou. Fiorilo ressaltou que a Assembleia Legislativa “não pode aceitar um processo disciplinar seletivo, que investiga alguns e protege outros”.

Na tribuna da Assembleia, o deputado estadual Antônio Donato (PT) foi duro: “Isso não é investigação séria, isso é maquiagem. O governador precisa explicar por que a sua equipe protege alguns e expõe outros”. Para Donato, a corrupção na Fazenda mina a capacidade do Estado de financiar serviços essenciais. “Cada real desviado pela corrupção é um real a menos para a escola do seu filho, para o hospital que deveria atender a população, para o transporte que já está em colapso. É por isso que esse escândalo precisa ser apurado com rigor e sem seletividade”, declarou.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) também não poupou críticas e exigiu transparência imediata. “O secretário Samuel Kinoshita fez uma manobra: deixou de fora nomes de auditores que já foram presos e denunciados pelo Ministério Público. Como é que se explica isso? Quem está sendo protegido dentro da Sefaz?”, questionou. 

Boulos lembrou que as investigações também analisam a participação das empresas Kalunga e Oxxo no esquema bilionário de extorsão. Ressaltou ainda que os auditores investigados — inclusive os que já foram presos — são subordinados ao subsecretário da Receita Estadual, Marcelo Bergamasco Silva. Por isso, Bergamasco precisa dizer o que sabia, o que deixou de fazer e qual é a sua responsabilidade. Não é aceitável que continue em silêncio enquanto seus subordinados estão presos por corrupção.”

A cobrança também foi direcionada diretamente ao secretário Samuel Kinoshita, que assinou o despacho sob suspeita. “Ele deve explicações claras e públicas, não apenas burocráticas. Ou assume o compromisso com uma investigação de verdade, ou será cúmplice da blindagem que está acontecendo”, disse Boulos.

O que está em jogo não é apenas um embate político, mas a integridade da máquina arrecadatória do Estado. Se auditores podem manipular o sistema em favor de grandes grupos empresariais sem punição adequada, o resultado é simples: menos recursos para hospitais, escolas e transporte público. É a corrupção corroendo o coração das finanças estaduais.

O governador Tarcísio de Freitas deve uma resposta à sociedade. Não basta delegar responsabilidades a seu secretário. É necessário assumir publicamente uma posição clara: ou enfrenta a corrupção dentro da Sefaz-SP, garantindo investigações isentas e punições exemplares, ou ficará marcado como cúmplice da blindagem e da seletividade. Neste momento, não há espaço para silêncio conveniente. São Paulo exige transparência, rigor e coragem política.

Veja a íntegra dos pronunciamentos dos deputados Antônio Donato e Guilherme Boulos:

https://drive.google.com/file/d/1M6mUAxNyifuBciHrUrX36g07uHasXjec/view?usp=sharing

https://drive.google.com/file/d/15vkl_eQZEHPHKZ_e70AXM2qZDS9VjdSY/view?usp=sharing

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