É amplamente documentado que o uso indiscriminado de antibióticos na agropecuária está diretamente ligado ao aumento da resistência antimicrobiana, representando uma ameaça à saúde pública não só no Brasil, como no mundo todo.
Tanto a Organização Internacional para Alimentação e Agricultura (FAO) com a Organização Mundial de Saúde (OMS), tem alertado sobre os riscos dessa prática e apontado para os danos à saúde humana quando antibióticos são usados excessivamente na agropecuária.
Há mais de 10 anos a FAO vem advertindo o mundo sobre as consequencias do uso indiscriminado desses medicamentos “Como nós podemos eliminar a fome ou melhorar a sustentabilidade quando não podemos curar animais doentes? Indagou a a vice-diretora da FAO, Helena Semedo.
A OMS também alerta para essa questão e, preocupada com o aumento do uso desses medicamentos, promoveu a Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos, a fim de persuadir todos os participantes sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais causados pela resistência a antibióticos.
Seguindo essa orientação os países desenvolvidos já implementaram regulações severas para reduzir o uso indiscriminado desses medicamentos. Na União Europeia, por exemplo, a administração preventiva de antibióticos para estimular o crescimento de animais foi proibida, priorizando o bem-estar animal e a segurança alimentar da população.
A Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, há mais de 10 anos procura com novas regulamentações limitar o uso de antibióticos na criação animal destinada ao consumo humano, em um esforço para combater a crescente resistência microbiana.
No Brasil o uso de Antibiótico ainda é indiscriminado

A utilização industrial desses medicamentos continua sendo amplamente disseminada aqui no Brasil, sem uma regulamentação eficaz para impedir o abuso de antibióticos na criação intensiva de animais. Dados apontam que essa negligência pode favorecer o surgimento de bactérias multirresistentes, tornando ineficazes tratamentos médicos essenciais e aumentando os riscos para a saúde humana.
“As bactérias não têm fronteiras. A resistência pode passar de um lugar a outro sem passaporte e de várias formas”, enfatizou Flávia Rossi, doutora em patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Grupo Consultivo da OMS para a Vigilância Integrada da Resistência Antimicrobiana.
Medidas Urgentes precisam ser tomadas no Brasil
Por que o Brasil não segue os exemplos da União Europeia e dos Estados Unidos e passa a adotar medidas mais rigorosas para restringir o uso de antibióticos na agropecuária?
São quase nulos os planos concretos para limitar o uso de antibióticos na produção pecuária nacional e não há quase nenhuma fiscalização regular para garantir que os antibióticos sejam usados apenas quando são estritamente necessários e sob supervisão veterinária.
O Ministério da Agricultura e Pecuária precisa garantir que a indústria agropecuária brasileira siga padrões mais seguros e sustentáveis, protegendo a saúde da população. A inércia diante dessa questão pode comprometer não apenas a saúde pública, mas também a competitividade do Brasil no mercado internacional, visto que países com legislações mais rígidas podem impor restrições aos produtos agropecuários brasileiros.
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