A revista Veja decidiu promover um fórum de debates sobre o futuro do Brasil, em Nova York, com a presença de governadores, ministros de Estado, senadores e até um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Um encontro que, em tese, deveria representar a seriedade institucional, o compromisso com o país e o debate público elevado.
No entanto, o patrocínio escolhido revela exatamente o oposto. A financiadora do evento é a REFIT, antiga Refinaria de Manguinhos, do Rio de Janeiro, pertencente a Ricardo Magro — figura notoriamente conhecida por sua longa trajetória de crimes fiscais, fraudes bilionárias e um histórico de agressão sistemática aos cofres públicos.
Apontado pela Polícia como chefe da Máfia dos Combustíveis e pela Justiça como sonegador contumaz, Ricardo Magro está foragido do Brasil, vivendo em Miami, nos Estados Unidos, há mais de 10 anos.
Quando se fala de Ricardo Magro, não se fala aqui de cifras modestas ou infrações pontuais: esse bilionário sonegador já surrupiou mais de R$ 20 bilhões dos cofres públicos de São Paulo e do Rio, distribuindo gasolina e óleo diesel sem pagar impostos. Autoridades calculam que hoje as empresas do Grupo Magro remetam mais de R$ 600 milhões por mês para as contas de Ricardo Magro no exterior com a sonegação no Brasil.
É profundamente estarrecedor — ainda que, infelizmente, não surpreendente — que autoridades da mais alta esfera institucional aceite participar de um evento financiado por alguém que, em qualquer país sério, seria considerado um pária do sistema.
No Brasil, no entanto, um foragido da Justiça, reincidente em delitos fiscais, pode patrocinar fóruns, financiar debates e figurar como benfeitor de espaços que se pretendem democráticos e republicanos. Ricardo Magro é chefe do Grupo Magro, uma organização criminosa com mais de 180 empresas que estão em nome de familiares ou de laranjas, operando na distribuição de combustíveis fraudando e sonegando livre e impunemente.
A REFIT, principal empresa do Grupo Magro, sob a direção e coordenação de Ricardo Magro, representa tudo o que corrói o Estado brasileiro: o desvio sistemático de recursos públicos, o desrespeito deliberado às leis fiscais, a impunidade de quem lucra à margem do sistema — ou, pior, com a conivência dele.
O folder (folheto informativo) do fórum publicado, esta semana, na revista Veja,com o patrocínio da REFIT, apresenta os seguintes palestrantes confirmados: governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Claudio Castro, do Rio; Ronaldo Caiado, de Goiás; o ministro Luis Roberto Barroso, do STF; senadores Ciro Nogueira e Simone Tebet, também Ministra do Planejamento do Governo Lula; o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta e empresários.
O que se presencia nesse caso não é apenas uma escolha infeliz de patrocinador, mas uma demonstração explícita da promiscuidade entre setores da elite política, econômica e judicial com os agentes do crime financeiro institucionalizado. Ricardo Magro é um delinquente que comete delitos fiscais todos os dias no eixo São Paulo/Rio.
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