O prédio histórico da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), na Avenida Rangel Pestana, centro da capital, virou o cartão-postal do descaso administrativo. Uma metáfora de concreto e mofo da gestão do secretário Samuel Kinoshita e do subsecretário da Receita Estadual, Marcelo Bergamasco — dois auxiliares diretos do governador Tarcísio de Freitas, que parecem não se importar nem com a estrutura física nem com a moral da instituição.
As imagens mais recentes são um convite ao desespero dos urbanistas e um alerta para os transeuntes: infiltrações escandalosas, placas de revestimento prestes a desabar e risco real para quem passa por uma das regiões mais movimentadas da cidade. Até mato está nascendo entre as placas de revestimento. A Defesa Civil deveria fazer uma vistoria no prédio. Quem sabe ele não fique interditado indefinitivamente?
O próprio governo — sempre tão comedido — admitiu a gravidade da situação e determinou o fechamento dos andares superiores da secretaria. A justificativa? Risco estrutural agravado pelas chuvas. A solução? Mandar os servidores para casa em regime de home office… até segunda ordem (ou até o teto cair de vez).

Aliás, será que esse era o plano oculto do secretário Kinoshita desde o início? Transformar o “home office internacional” da SEFAZ em política oficial, com ramais ativos em Milão, Lisboa e Washington?
Mas não é só o prédio que está caindo aos pedaços. A imagem institucional também desmorona. O abandono de um patrimônio histórico é só mais uma camada da mesma crosta de negligência que cobre a máquina arrecadatória paulista — uma máquina que parece funcionar bem para gerar manchetes policiais.
Basta lembrar da Operação Carbono Oculto, que desvendou a participação do Primeiro Comando da Capital (sim, o PCC dos Combustíveis) em um esquema bilionário de sonegação de impostos. Ou da mais recente Operação Ícaro, em que auditores fiscais — sob as barbas da gestão Bergamasco — foram acusados de extorsão bilionária contra gigantes como Ultrafarma e Fast Shop.
Em ambos os casos, a Receita Estadual não só foi citada — ela protagonizou. E o que fez Samuel Kinoshita? Nada. Ou melhor, tudo o que se espera de quem prefere se omitir: silenciou, contemporizou, acobertou. Agora, entrega também a imagem física de uma secretaria sucateada — ironicamente, a responsável por manter o caixa do estado abastecido.
Enquanto cidadãos comuns arriscam a vida ao passar diante de um prédio em ruínas, o governo Tarcísio assiste passivamente. O mesmo governador que adora falar em “modernização da máquina pública” parece não se incomodar em manter, em cargos-chave, gestores associados a escândalos, omissões e agora ao literal desmoronamento da coisa pública.
O contraste não poderia ser mais didático: de um lado, goteiras, rachaduras e perigo iminente; de outro, bilhões drenados em fraudes fiscais, com o beneplácito silencioso de quem deveria impedir — e não permitir — tais abusos.
Eis o retrato do Estado de São Paulo em 2025: um governo que terceiriza a responsabilidade, ignora o patrimônio público e falha duplamente — no combate à corrupção e na proteção da vida. Mas que segue firme… no discurso.
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