O escândalo de corrupção revelado com a prisão do empresário e dono da Ultrafarma, Sidney de Oliveira, e do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto expôs a face mais sombria da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP). Ambos são acusados de participar de um esquema bilionário de suborno para evitar ações de fiscalização e receber créditos irregulares — prática que atinge o coração da arrecadação estadual.
O caso, denunciado na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) pelo deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), envolve diretamente a alta cúpula da Receita Estadual. O fiscal preso está lotado na Diretoria de Fiscalização, subordinada à Subsecretaria da Receita Estadual, comandada por Marcelo Bergamasco, auditor fiscal de extrema confiança do secretário Samuel Kinoshita.
Bergamasco, conhecido por trabalhar em home office em Milão, na Itália, foi mantido no cargo após um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) criado por um decreto do governador Tarcísio de Freitas e pelo secretário da Fazenda, Samuel Kinoshita — uma manobra que evitou sua exoneração, mesmo diante das críticas sobre a ausência física de Bergamasco no combate à sonegação fiscal.
Deputado Paulo Fiorilo cobra providências do governador Tarcísio e do secretário Kinoshita

É inadmissível que, em vez de combater a corrupção, o governo proteja quem está no topo dessa estrutura. Isso é blindagem política”, afirmou Fiorilo, destacando que o episódio escancara a complacência do Palácio dos Bandeirantes diante de irregularidades no órgão responsável pela arrecadação de impostos.
Há indícios de que tanto o auditor Artur Gomes quanto empresários envolvidos, principalmente Sidney de Oliveira, pretendem firmar delações premiadas, o que pode aprofundar a crise e atingir figuras de maior influência política e econômica. Caso isso se confirme, a blindagem que hoje protege integrantes do alto escalão pode ruir, deixando à mostra conexões que o Palácio dos Bandeirantes e a Secretaria da Fazenda prefeririam manter nas sombras.
O episódio evidencia que, mais do que combater irregularidades, o governo Tarcísio de Freitas e a gestão de Samuel Kinoshita parecem empenhados em proteger aliados estratégicos — ainda que isso signifique conviver com um sistema de corrupção endêmico na máquina arrecadatória do Estado e presenciar um dos maiores escândalos fiscais da história recente de São Paulo.
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