É estarrecedor o cenário que se desenha para esse evento em Nova York, no dia 13 de maio, patrocinado pela REFIT, Refinaria de Manguinhos, do Rio de Janeiro. Ricardo Magro, apontado pela polícia como chefe da Máfia dos Combustíveis, tem essa sua empresa, a REFIT, como a maior sonegadora do Brasil, com fraudes que somam mais de R$ 20 bilhões só no eixo Rio–São Paulo.
O paradoxo é evidente. O governo do Rio é, em tese, a principal vítima das ações de sonegação atribuídas a Ricardo Magro. Só no Rio, ele já surrupiou dos cofres públicos mais de R$ 10 bilhões. Ainda assim, o governador Cláudio Castro se dispõe a compartilhar o mesmo palco com esse patrocinador, que vive um verdadeiro estado de decadência moral.
Como se não bastasse essa situação envolvendo o governador Castro e Ricardo Magro — que, sozinha, já ultrapassa todos os limites da lógica, da ética e do bom senso —, o seminário de Nova York contará também com a presença do diretor Daniel Maia Vieira, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), agência que deveria fiscalizar as irregularidades cometidas por Ricardo Magro no mercado de combustíveis.

A presença de Daniel Maia Vieira, diretor da ANP, nesse evento patrocinado pela própria REFIT — que ele deveria estar fiscalizando — compromete qualquer aparência de isenção. Governador Castro, Daniel Maia e Ricardo Magro estão envolvidos num enredo que mistura poder político, empresários acusados de fraudes bilionárias e instituições que deveriam zelar pelo interesse público.
Mas parece que não há muita preocupação moral nas ações de algumas autoridades envolvidas, direta ou indiretamente, nesse evento de Nova York. A cadeia de conexões espúrias parece não ter fim.
O diretor da ANP, Daniel Maia, que pediu licença para viajar até Nova York e prestigiar o fraudador Ricardo Magro, foi indicado para esse cargo político pelo concunhado Tiago Cedraz, filho de Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro que é o mais novo personagem do escândalo do roubo às aposentadorias do INSS.

Na foto está o ministro do TCU Aroldo Cedraz e seu filho Tiago Cedraz, padrinhos políticos de Daniel Maia, da ANP. O ministro Cedraz é suspeito, no recente escândalo do INSS, de dispensar o reconhecimento facial e a assinatura eletrônica — formas seguras para o aposentado autorizar desconto — e teria retirado o tema da pauta do TCU por cinco vezes, retardando providências.
O que se pode concluir desse fórum de Nova York é que, quando o maior fraudador do estado do Rio, Ricardo Magro, patrocina um seminário com o próprio governador — e com o representante da agência que deveria fiscalizá-lo —, não estamos diante apenas de um escândalo. Estamos diante da falência ética de uma estrutura inteira. Um sistema onde o fraudador, o fiscal e a vítima se tornam sócios na mesma mesa.
Diante desse cenário imprevisível, a ausência estratégica do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas — que inteligentemente recuou diante da evidente mancha institucional — se mostra não apenas prudente, mas necessária. Afinal, o delinquente Ricardo Magro já cometeu delitos fiscais em São Paulo que somam mais de R$ 9 bilhões.
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