Por Alberto Luchetti
Globo, SBT e Band poderão se transformar nas grandes bancas que substituirão o jogo de bicho em nosso País. Com a implantação do Cassino Brasil das Bets e o interesse já concretizado das famílias midiáticas, que são proprietárias dessas três grandes redes de televisão, a roleta já começou a girar.
A primeira a procurar um parceiro e começar a operar foi a Band. O Grupo Bandeirantes de Comunicação acertou com a OpenBet, líder global em tecnologia, conteúdo e serviços para apostas. A OpenBet foi escolhida pela Bell Ventures Digital Ltda, para operar sua marca de apostas esportivas e jogos online no Brasil.
Essa parceria da Band contou com a assessoria financeira do Investments Banking do BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina e da união dessas duas empresas de entretenimento. Já chegou ao mercado e está operando no ramo de apostas esportivas no Brasil com o nome de BandBet.
O Grupo Globo, que é o maior conglomerado de comunicação do Brasil, fez parceria com a BetMGM, pertencente a empresa de cassinos e hotéis MGM Resorts. No comunicado anunciado, MGM e Globo disseram que o objetivo é trazer a BetMGM, que já atua nos EUA e no Reino Unido, a um mercado regulado que está entre “um dos mais recentes e de rápido crescimento do mundo”.
Outro player tradicional, que está de olho nesse mercado, é o Grupo Silvio Santos que tenta lançar a sua bet Todos Querem Jogar, com a sigla TQJ. A expectativa é utilizar suas empresas de comunicação, como o SBT, para converter em consumidores – ou apostadores – quem assiste sua programação de TV. Aliás, de apostas, o Grupo Silvio Santos entende bem. Afinal, já tem em sua carteira a fatídica TeleSena.
O paralelo dessas grandes redes de televisão com as novas bancas de jogo de bicho a partir de 2025 faz todo sentido. As bets de hoje são “o intento humano de tentar manipular a sorte, arriscando a ganhar ou perder em eventos que dependem do acaso”. Essa talvez tenha sido a primeira definição do que foi o início do jogo do bicho, a partir da década de 40/50. E é o que são as bets hoje.
Quando surgiu o jogo do bicho, a voracidade pelas apostas inflou uma extensa atividade paralela, capitaneado por agentes às margens da lei, mas não tão às margens da sociedade. A única diferença hoje é que – com as bets – se observa a mesma voracidade pelas apostas, mas os agentes agora possuem concessões de veículos de comunicação dadas pelo Governo Federal, com uma penetração e divulgação continental.
A grande verdade é que o crescente endividamento da já combalida população brasileira com o jogo das bets preocupa muito. É impressionante os volumes de gastos nessas apostas pelos beneficiários do Bolsa Família.
As empresas de varejo e de ensino sentem os impactos da troca de bens de consumo e educação por fichas de apostas, e cresce a preocupação com o endividamento e o possível vício de adolescentes nos cassinos virtuais.
A comparação das bets com o Jogo do bicho é real na medida em que os pequenos recursos apostados, mas em grandes quantidades, transformaram-se em enormes quantias legais para essas organizações, da mesma forma como funcionava para os banqueiros do jogo do bicho.
Poucas vozes se levantam contra esse absurdo que está sendo a invasão dos canais de aposta em nossa sociedade. Artistas, narradores famosos, jornalistas, ídolos do futebol e dos esportes em geral fazem propaganda e estimulam o brasileiro mais necessitado a ficar mais pobre e muito mais iludido com o pretenso ganho milionário. A ilusão pelo dinheiro fácil sempre pairou o inconsciente coletivo.
Eduardo Moreira é a voz mais alta contra as apostas no Brasil. Escritor, palestrante, empresário e apresentador, Moreira criou o Instituto Conhecimento Liberta – ICL – e ainda o ICL Notícias, o maior canal de jornalismo independente no YouTube brasileiro. Nesse veículo de comunicação combate com vigor o Cassino Brasil com a proliferação das bets e o endividamento cada vez maior da nossa população com essas apostas.
Esse deveria ser o exemplo a ser seguido por todas as famílias midiáticas brasileiras. Caso contrário restará a Globo, SBT e Band, como cena dos próximos capítulos, patrocinar as grandes escolas de samba do eixo Rio-São Paulo e disputarem o título de campeãs do carnaval brasileiro, como sempre fizeram os banqueiros do jogo do bicho.
Como diria Simone em Disputa de Poder, música de Almir de Araújo, Balinha, Hercules Corrêa e Marquinhos Lessa:
“Piuí, piuí, puá, puá,
Eu quero ver onde essa zorra vai parar”
https://drive.google.com/file/d/1s4hbxx8CGFwLQ88LuYq6A8xiqmCLZZyr/view?usp=drivesdk
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