Por Alberto Luchetti
A relação entre o Governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente do Porto de Santos Anderson Pomini começa a abrir profundas fendas por causa da construção do Túnel Submerso Santos-Guarujá. O governador chamou para o seu gabinete a execução da obra e Pomini tenta conseguir politicamente com o governo federal o protagonismo da construção do túnel.
Na disputa desse palco iluminado, o governador Tarcísio, segundo bastidores, contaria com o apoio do Ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Anderson Pomini, por sua vez, conta com o apoio do deputado federal, Marcos Pereira (Republicanos), pastor da igreja de Edir Macedo e do próprio ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos). Pomini tenta ainda a ajuda de Marco Aurélio Santana Ribeiro (PT), chefe de gabinete da Presidência da República, para conseguir uma agenda com o presidente Lula. Marco Aurélio, é conhecido também como Marcola.
O relacionamento pessoal de Tarcísio com Rui Costa teria iniciado no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), quando Tarcísio era chefe do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNTI – e se estendeu durante a presidência de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL), quando Tarcísio assumiu como ministro da Infraestrutura. Durante esta época Rui Costa era Governador da Bahia.
Andersom Pomini intensifica seus contatos em Brasília por meio da troca de mensagens com Marcola via WhatsApp, além encontros com o chefe de gabinete de Lula, num prédio em Moema, bairro nobre da cidade de São Paulo, no apartamento de um amigo de Marcola. Um tráfico (de influência) inexorável.
Presidente do Porto de Santos, Pomini julga-se fortalecido nessa disputa pelo trabalho que vem realizando também na eleição do deputado federal Hugo Motta (Republicanos) para a presidência da Câmara Federal, em substituição ao atual presidente da casa Arthur Lira. Outro argumento de Pomini é que o dinheiro da obra é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –BNDES – e nada tem a ver com o governo de São Paulo.
A gigantesca obra, cuja construção tem investimentos estimados em mais de R$ 6 bilhões, está alimentando uma verdadeira guerra entre dois titãs: de um lado Tarcísio de Freitas, governador eleito do maior estado da América Latina e – de outro – Anderson Pomini, nomeado presidente do Porto de Santos, o maior porto do Hemisfério Sul.
Mas, o que existe em Santos e Guarujá é uma população de mais de 78 mil pessoas que utilizam diariamente as balsas de travessia de um lado para o outro e mais de 20 mil veículos que entram todos os dias nessas plataformas marinhas para atingirem os municípios desejados. São quase cem anos de espera para concretização e a inauguração dessa obra.
O curioso nessa disputa exacerbada é que o presidente Lula já declarou que a construção do Túnel Submerso Santos-Guarujá é uma responsabilidade conjunta dos governos federal e estadual. Sendo assim, qual o interesse, escuso ou não, de Andersom Pomini, em querer participar desse processo? O que o Porto de Santos tem a ver com um túnel, cuja construção está um século atrasada?
Deixe um comentário