É difícil acreditar, mas os números confirmam: a empresa que mais vende combustíveis no Estado do Rio de Janeiro é comandada por ninguém menos que o maior sonegador do Brasil. O que mais impressiona é o paradoxo: o maior sonegador do Brasil é também o maior vendedor. Isso revela uma grave distorção no mercado, marcada por uma concorrência desleal com empresas que cumprem suas obrigações fiscais.
Ricardo Magro, apontado pela Polícia como chefe da chamada Máfia dos Combustíveis, está no comando da REFIT — a refinaria que controla todo o Grupo Magro e que, segundo dados da própria Agência Nacional do Petróleo (ANP), lidera o mercado fluminense. Enquanto muitos empresários enfrentam as altas cargas tributárias para manterem seus negócios de forma legal, Ricardo Magro e seu grupo se beneficiam da sonegação para crescer.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP), como agência reguladora federal responsável pela fiscalização e ordenamento do setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis, possui ferramentas e atribuições que poderiam — e deveriam — ser empregadas para coibir esse tipo de prática.
Diretor da ANP viaja para participar de fórum patrocinado por Ricardo Magro

Mas isso não acontece. Um dos principais diretores da ANP, Daniel Maia Vieira, saiu de licença para um afastamento internacional de sete dias. Segundo despacho assinado pela diretora-geral interina da ANP, Patrícia Heuguenin Baran, para participar de um fórum de debates em Nova York, no dia 13 de maio patrocinado pela REFIT.

É um absurdo completo — e um escândalo institucional que agrava ainda mais a crise de credibilidade da ANP. Quando um diretor da agência responsável por fiscalizar o setor participa de um evento patrocinado por uma empresa com pesadas acusações comprovadas de sonegação, o conflito de interesses é direto e inaceitável.
Trata-se de uma violação do princípio da impessoalidade e da moralidade administrativa, pilares da gestão pública previstos na Constituição. A presença de Daniel Maia Vieira, diretor da ANP, num evento patrocinado pela própria REFIT, que ele deveria estar fiscalizando, compromete qualquer aparência de isenção.
O simples fato do diretor da ANP, Daniel Maia, aceitar participar de um fórum financiado pela empresa investigada já é, por si só, escandaloso. Esse episódio simboliza exatamente o que está errado: quem deveria punir, confraterniza; quem deveria fiscalizar, se ausenta; quem deveria proteger o interesse público, fecha os olhos.
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