Com mais de 35 parques de bioenergia – como são conhecidas as antigas usinas de álcool – só no Estado de São Paulo, a Raízen, joint venture entre o Grupo Cosan e a Shell, está avaliando oportunidades de parcerias e otimização de ativos.
Endividada, a empresa busca investidores estratégicos para alguns de seus negócios. O vice-presidente financeiro do Grupo Cosan, Rodrigo Araújo Alves, afirmou que “não há nada específico ainda, mas avaliamos a entrada de parceiros,” enfatizou.
Parte dessa movimentação envolve os parques de bioenergia, que dependem do abastecimento de fazendas de cana-de-açúcar. Muitos desses terrenos são arrendados, e a recente volatilidade das ações da companhia levantou preocupações sobre possíveis impactos no setor.
Com a valorização das terras agrícolas, muitos proprietários estão exigindo reajustes significativos nos contratos de arrendamento, independentemente do arrendatário. Esse cenário tem impactado diretamente a Raízen, que depende de áreas cultivadas para abastecer seus parques de bioenergia.
A Cosan já admitiu que avalia a possibilidade de diluir sua participação na Raízen, empresa que atua tanto na distribuição de combustíveis quanto na produção de açúcar e bioenergia. Além dessa possível diluição, também considera vender ativos específicos dentro do grupo.
Enquanto isso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) destaca que a produção canavieira enfrenta desafios tanto operacionais quanto de gestão. Segundo a entidade, o custo do arrendamento tem impactado diretamente a rentabilidade da cana-de-açúcar, tornando o setor cada vez mais desafiador para investidores e produtores.
Neste contexto, o oportunista e maior sonegador do Brasil, Ricardo Magro, foragido do país e apontado pela Polícia como chefe de uma organização criminosa, volta a movimentar o setor de energia em meio a possíveis negociações que podem afetar diretamente os interesses do grupo liderado por Rubens Ometto.
Informações de bastidores apontam que o Grupo Magro, com suas 188 empresas administradas por familiares e intermediários laranjas, já estaria sondando usinas pertencentes à Raizen, além de procurar fazendeiros com contratos ativos para ofertar valores mais altos e, assim, pressionar o mercado de arrendamentos.
Essa nova ofensiva de Ricardo Magro, envolvendo possível aquisição das usinas de álcool controladas por Rubens Ometto e movimentos especulativos sobre fazendas arrendadas de cana-de-açúcar, é apenas mais uma batalha da guerra comercial entre esses dois bilionários do mercado de combustíveis no Brasil.
Ricardo Magro já teria demonstrado interesse em adquirir a Shell na Argentina, companhia que o bilionário Rubens Ometto colocou à venda e entregou as negociações para o BTG Pactual.
Embora o nome de Magro não apareça oficialmente nas tratativas, rumores surgiram após a menção do assunto por um ex-deputado federal do Rio de Janeiro, cassado e próximo do empresário, durante conversa com representantes do banco.
Um novo episódio importante desse conflito entre Ometto e Magro deverá acontecer no Congresso Nacional com a votação do projeto do senador Veneziano Vital do Rêgo que propõe alterar a faixa de percentual de etanol anidro na gasolina. O texto prevê que a mistura mínima seja de 22% e a máxima de 35%, substituindo os atuais limites de 18% a 27,5%.
A mudança poderá impactar diretamente a estratégia das empresas ligadas tanto a Ometto quanto a Magro.
Deixe um comentário